Saturday, September 25, 2010

mulheres ascetas por Satya dd

Este post e alguns próximos foram retirados do blog de Satya Devi Dasi (http://satyadevidasi.blogspot.com/2007/08/female-ascetics-look-through-puranic.html). Ela é membro da ISKCON e fala um pouco sobre sua experiência na busca do caminho da vida espiritual enquanto uma pessoa que vive em um corpo feminino. Ela fala um pouco sobre sua própria história e então dá exemplos da história de outras mulheres. Como é um pouco longo, colocarei primeiro apenas uma parte.


Mulheres ascetas--Um olhar sob a ótica dos Puranas

Eu escrevi isso há muitos anos atrás, mas ainda parece atual. Minha frase preferida continua a ser: "Nunca despreze uma mulher, mesmo que ela seja desprezível. " --Satya
Como devotos, nós sabemos porque este mundo em que vivemos foi criado. Estamos certos do que precisamos fazer enquanto estamos aqui. Sabemos o que precisamos fazer para voltar para casa, para voltar ao Supremo. Mas, de algum modo, quando começamos a falar sobre o que precisamos fazer enquanto homens ou mulheres, estas coisas parecem se confundir.

Como mulheres, temos o dever de cuidar das crianças e marido, além de cuidarmos de nós mesmas. Nós os apoiamos fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Ouvimos várias vezes que uma mulher sempre deve ser protegida por um homem durante sua vida: por seu pai durante a infância, por seu marido enquanto esposa e por seu filho na idade avançada.

Temos exemplos e histórias maravilhosas na nossa sampradaya de mulheres em todos estes estágios da vida. Sobre garotas jovens, temos as histórias de Srimati Radharani e as Gopis. Sobre mulheres casadas e mães, temos Srimati Rukmini, Satyabhama, Mãe Yasoda, Draupadi, Kunti devi, Gandhari e várias outras. Como viúvas, temos as histórias das esposas de Krsna após Ele deixar o planeta, os exemplos das esposas dos guerreiros derrotados após a batalha de Kurukshetra, ou o de Vishnupriya com suas severas austeridades. Estas mulheres são corajosas, fiéis, austeras e têm Krsna firme em seus corações e mentes. Os exemplos destas mulheres nos nutrem e preenchem com um tipo similar de coragem e fé e nos ajudam a manter Krsna em nossos corações e mentes.

O exemplo é algo muito importante em nossas vidas. Precisamos das formas, das histórias, para preencher uma vida que, de outro modo, seria árida. Estas histórias permeiam nossas vidas e honram uma série de valores que são centrais na saga espiritual das mulheres. Elas afirmam nosso ser enquanto mulheres, enquanto devotas. Esta imagem tem o poder de liberar e despertar partes do nosso eu.

O tópico deste escrito é as mulheres ascetas. As mulheres fazem austeridades durante todos os estágios da vida. Como Vaisnavas, nós (homens e mulheres) observamos jejum no ekadasi e em certos dias santos, cantamos voltas em nossas contas de japa e seguimos princípios regulativos. Nos comportamos de modo compassivo para com todas as entidades vivas. Somos renunciantes.

Na Índia, austeridades extras são muito comuns na vida das mulheres. Votos são feitos por meninas para ter um bom marido, por mulheres casadas (como pativrata) para o bem e proteção de seus maridos e família e por viúvas para a contínua proteção de suas famílias e maridos que se foram. Saubhagya (boa fortuna ou felicidade conjugal), uma qualidade móvel, é conquistada e mantida através destes votos pelas mulheres para o contínuo sustento de suas famílias.

Srila Prabhupada queria que nos tornássemos conscientes de Krsna — que fôssemos conscientes de Krsna em todos os momentos do dia e da noite, que servíssemos Krsna, que amássemos Krsna e oferecêssemos tudo a Ele. Através de nossas atividades diárias, como suas discípulas, estamos tentando fazer isto.

Com todos estes tópicos em mente, gostaria de levá-los em uma pequena jornada. É parte da minha jornada pessoal, mas bem poderia ser a jornada de outra mulher aqui ou em qualquer outra parte do mundo. Este modelo de ser protegida em todos os estágios da vida por um homem não é um modelo que cabe muito bem para mim. Meu pai deixou nossa família quando eu tinha três anos; agora sou divorciada após ter sido casada por treze anos e tenho uma filha já crescida. Não há pai, marido ou filho para me proteger. Minhas tentativas de seguir este modelo em minha vida apenas me deixararam frustrada. Outras tentativas de criar alternativas também foram frustrantes. Eu imagino o que as mulheres em nossa tradição fizeram. Havia histórias de mulheres que escolheram não se casar, de mulheres que viveram sozinhas ou que, de algum modo, estavam fora deste padrão? Eu decidi dar uma olhada nos Puranas, Mahabharata e Ramayana para ver se podia achar exemplos e histórias de outras mulheres que pudessem servir de apoio, que pudessem ser encorajadoras ou que dessem ânimo.

Com um pouco de procura, encontrei algumas histórias que me inspiraram. Eu organizei as histórias dessas sete mulheres em dois grupos — donzelas ascetas, ou jovens ascetas que não eram casadas, e as mulheres ascetas mais velhas. Nestas histórias, há exemplos de mulheres que rejeitaram o papel de esposa e aceitaram a vida de renúncia pessoal. Algumas eram protegidas por sábios e gurus nas premissas dos ashramas e algumas viviam ou andavam por aí sozinhas. Com algumas das mulheres, vemos mais a história de suas vidas mas, com algumas, vemos apenas uns breves incidentes. Eu gostaria de compartilhá-las com vocês sem muita análise.

No Mahabharata, à Madhavi, a filha do Rei Yayati, foi dada uma bênção que, após dar à luz uma criança, ela se tornaria virgem novamente. Galava, um discípulo de Vishvamitra, se aproximou do Rei Yayati procurando por ajuda para obter cavalos especiais para seu guru. O Rei Yayati, que fora abastado anteriormente, não foi capaz de ajudar, mas ofereceu sua filha donzela, Madhavi, no lugar. Galava levou Madhavi a três reis diferentes com a oferta de que Madhavi lhes "daria" filhos em troca dos cavalos pretendidos. Após Galava obter os cavalos que precisava, levou então Madhavi de volta para seu pai. O Rei Yayati organizou um svayamvara para ela em um eremitério perto da confluência do Ganges com o Jamuna.

Lá houve um encontro de serpentes, Yakshas, homens, pássaros e veados e dos habitantes das montanhas, árvores e bosques. A floresta ficou cheia de príncipes de diversos povos e países, e estava por toda a parte cheia de pessoas videntes como Brahma. Mas quando todos os pretendentes foram anunciados, a jovem mulher branca passou por todos eles e escolheu a floresta como seu noivo. Madhavi desceu da carruagem, reverenciou seus familiares e foi então para a floresta sagrada e praticou auseridades. (van Buitenen, v.3, p. 410 411)

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