Sunday, February 19, 2012

mulheres como líderes

Não é incomum ouvir um belo discurso de indianos educados(especialmente homens indianos) sobre a exaltada posição da mulher em sua cultura. Eles dizem que a mulher é a base da sociedade, o papel de mãe é o mais importante do mundo e citam as qualidades femininas como doçura ao falar, gentileza, graciosidade, etc. Muitos gostam de ressaltar a importância de se respeitar e honrar as mulheres… contanto que elas se mantenham passivas, submissas, dóceis e compreensivas o suficiente para nunca falarem contra suas atitudes erradas. Eles dizem que a família é responsabilidade da mulher, já que o sucesso de um casamento depende apenas dela - ou seja, da capacidade dela de tolerar todo o mal compartamento com um sorriso no rosto e de manter sua castidade e submissão não importa o quê o homem faça. Isso é apenas escravidão (não muito bem) disfarçada de respeito.
As pessoas pretensamente tradicionais dizem que o homem é a cabeça e deve direcionar e tomar as decisões pela família (normalmente a desculpa é de "proteger" a mulher, como se ela fosse estúpida e não pudesse tomar suas próprias decisões). Neste contexto, eu me pergunto qual é o significado do texto do Athravaveda Samhita, Parte 2, Kanda 27, sukta 107, sloka 5705: “O deus do Sol segue a primeiramente iluminada e esclarecida deusa Usha (aurora) do mesmo modo que os homens imitam e seguem as mulheres.” Se, de acordo com a tradição, as mulheres devem seguir os homens, o quê eatamente esse texto quer dizer?
Talvez possamos procurar por algo mais… claro. Vamos ver este, do Atharva 14.1.61: “Oh noiva! Você deve trazer bem-aventurança a todos e dirigir nossos lares rummo ao sentido da vida." Então ela deve levar felicidade a todos através da obediência de todas as ordens que lhe são dadas? Não. Ela deve levar a bem-aventurança através do direcionamento da família ao propósito da vida.
Krsna diz no Bhagavad Gita que dentre as mulheres Ele é a inteligência, já que a inteligência é uma qualidade feminina – vale lembrar que a personificação da sabedoria não é um deus mas uma deusa, Sarasvati. A esposa, dharmapatni, deve liderar o marido no caminho espiritual; como uma representante de Laksmi, ela deve cuidar das finanças; como nora, ela deve ser tratada com o mais alto respeito (por exemplo, de acordo com as escrituras, em um banquete, os primeiros que devem ser servidos são os sábios, os convidados, as crianças, as mulheres grávidas e as noras); e de acordo com o Atharva Veda, como podemos ver nesse exemplo, as mulheres devem guiar a família de modo geral.
Do Rg Veda also, também temos:
Eu sou o destaque
Eu sou a cabeça
Eu possuo excelente eloquência;
Meu marido coopera comigo
E age de acordo com a minha vontade.

Eu não sei o quão prontas estão as pessoas pretensamente tradicionais da Índia ou os pretensos seguidores da cultura védica, para seguir... a cultura védica!
Também não estou pregando um tipo de velho feminismo. Mas como sempre gosto de lembrar, Shiva e Parvati são metades de um mesmo corpo. E trata-se das metades que ficam lado a lado, e não da metade superior e da metade inferior.

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