Friday, October 30, 2009

notícias - sacerdotisas

Vedas de acordo com as mulheres
Um movimento único centrado nas sacerdotisas em Maharashtra
18 de julho de 1999
Cortesia: The Indian Express

Quando Shankar Thatte, um filósofo védico, e sua esposa Pushpa começaram a ensinar o primerio grupo de mulheres sacerdotisas em sua casa em Pune, mal sabiam eles que chegaria um dia em que o número de sacerdotisas ultrapassaria o número de sacerdotes.
“As crianças que vinham até nós aprender os stotras invariavelmente os esqueciam durante as férias de verão, então decidimos ensinar às suas mães, de modo que elas pudessem fazer seus filhos praticarem. Também, na mesma época, haveria um importante puja no Udyan Prasad Karyalaya e não conseguíamos nenhum sacerdote para isto, pois já estavam todos ocupados. Isto também nos levou a pensar que ensinar às mulheres seria uma boa idéia,” revela Pushpatai, que continuou o costume mesmo após a morte de seu marido em 1987.
Começando com um grupo modesto de 16 donas de casa, o número de sacerdotisas hoje se elevou para 6.000, espalhadas do estado para lugares como Mumbai, Nashik, Nagpur e Satara. E, a partir de aprender mantras e shlokas pelos filhos, essas mulheres se graduaram em executar yagnas complicados e extensos de modo profissional, fora de suas casas.
“Nos anos iniciais, mama Thatte nos acompanhava ou íamos em pares realizar os pujas, já que não tínhamos certeza de qual seria a reação das pessoas ao verem uma mulher pandit. Mas,felizmente, quase todas as reações foram positivas”, diz Vasanti Khadilkar, uma estudante de um dos primeiros poucos grupos, que agora ensina outras sacerdotisas. De fato, as representantes dos primeiros grupos foram até à Alemanha e Inglaterra nos anos 70 para demonstrar suas aptidões litúrgicas aos indianos estabelecidos lá. Elas se depararam com uma resposta igualmente, se não ainda mais, encorajadora.
E isto teve efeitos reveladores. “Com a emergência de sacerdotisas em Maharashtra, tem havido uma preferência gradual por sacerdotisas em relação a sacerdotes.” Além disso, em vez de aumentar, houve uma grande redução no número de sacerdotes no estado; de fato, as sacerdotisas existem em maior número atualmente, diz V. L. Manjul, bibliotecário chefe do Bhandarkar Oriental Research Institute, que fez uma grande pesquisa neste campo e apresentou seus resultados em seu escrito “Changing Patterns of Priesthood in Maharashtra.” (Mudando os Padrões do Sacerdócio em Maharashtra).
"Enquanto que inicialmente levou certo tempo para a sociedade aceitar a amudança, logo se tornou óbvio que as sacerdotisas pareciam ser mais dedicadas, sinceras e pacientes que os sacerdotes na realização de pujas. Elas se esforçavam muito mais para explicar os significados de todos os shlokas e eram, definitivamente, menos cobiçosas no que diz respeito a dakshinas. Isto ajudou a aumentar sua popularidade,” ele acresenta.
A coisa mais importante que ensinei às minhas pupilas é que não é algo que se deva fazer por dinheiro. Seja qual for a dakshina que tenhamos recebido pelos pujas realizados foi dado voluntariamente pelas pessoas,” diz Pushpatai Shenolikar, que treinou cerca de 1.080 sacerdotisas em Panvel nos últimos 10 anos.”
Uma pesquisa feita sobre pathshalas védicos e sânscritos por Manjul revelou que, nos últimos 10 anos, cada vez menos garotos se matricularam nestas escolas. “A presença de sacerdotisas teve um efeito direto tanto em sua posição estabelecida quanto em seus ganhos, fazendo desta uma carreira menos atrativa e lucrativa para os homens, levando os mesmos a optar por outras áreas,” ele explica.
Mas junto com os que são favoráveis, há também os que são desfavoráveis. Sacerdotes ortodoxos e líderes religiosos não hesitaram em falar que tal prática é contra as sanções religiosas. O argumento é que o ritual de munja (cerimônia do cordão), realizada com garotos em seus primeiros anos, é um elemento vital do sacerdócio. De acordo com estes críticos muitas mulheres, tendo adotado tal profissão em sua meia idade e privadas de munja, não são qualificadas par serem sacerdotisas.
Mesmo hoje em dia, sacerdotisas não são encorajadas a realizar ritos funerários. Manjul diz que há alguns anos atrás uma sacerdotisa o realizou em Pune, mas isto criou tal furor que ninguém mais arriscou. Enquanto o criticismo não afetou de fato que o fenômeno se espalhasse, com seus apoiadores apontando que não há menção nos Vedas de que as mulheres não podem ser sacerdotisas, os panditas decidiram, a partir de agora, realizar a cerimônia do cordão para a nova geração de sacerdotisas. “Isto levará embora o último resquício de dúvida sobre nosso trabalho,” diz Neela Mehendale, uma purohit nos últimos 10 anos que faz o Gajanand Abhishek toda quinta-feira no templo Gajanan Maharaj Mandir de Pune.
Anna Leutgeb, uma austríaca que veio a Pune para pesquisar sobre a importância do muhurat na vida da Índia, está tão impressionada pelo fenômeno que fez dele o objeto de sua tese. “No exterior, a impressão é que as mulheres indianas são um grupo totalmente oprimido, que tem que aceitar o casamento infantil e sati. As sacerdotisas contradizem totalmente esta impressão. De fato, elas fizeram algo que as mulheres estrangeiras não foram capazes de fazer ¾ se tornarem sacerdotisas na igreja. De acordo com a igreja Católica Romana as mulheres podem apenas ajudar o sacerdote. Então foi interessante achar mulheres indianas quebrando estas algemas,” diz Leutgeb.
O papel das sacerdotisas é melhor resumido por Shenolikar, que diz: “Estamos preenchendo uma necessidade crítica da sociedade. Com o descréscimo de sacerdotes, são as sacerdotisas que estão atendendo às necessidades. Várias de nós acaba fazendo de dois a três pujas todos os dias.”
E o Udyan Karyalaya vir à vida toda noite com os cantos das sacerdotisas é uma ode ao modesto movimento que começou em uma pequena casa em Pune há 25 anos.

(1)
http://www.geocities.com/ifihhome/articles/vedawomen.html

1 comment: